Poesias

Mãe que me adormeces
em Ti se espraia a dor
Ergo-me de braços estendidos
Àlerta pela Fonte Sagrada
Subo sucalcos esquecidos
Banido está o lamento
Sinto a Força da Vida
Em TI, enternecida
Horizonte chegado,
o sopro do Bem-Amado
No meu coração arde a Chama
um fogo miudinho trepida a ALMA
(A MARIA)

*****


Inocência perdida
resgata a cor da vida
acata o sofrimento
a dor, perdida...
embala no sentimento
semente crescente
lua vibrante
reunida a força

Água que jorras em mim
fogo latejante
Terra que acolhes
sopro de querubim
Em ti, em mim
Ambas filhas, mães
aprendizes, meretrizes
Deusas de uma só Lua



 Primeiro trabalho: www.shaimanisitshimuni.com.pt


Outra porta

É uma visão ofuscada pela mente que desvenda a abertura a um caminho recusado. O percurso leva-nos à entrada da porta perdida pelas sombras. Peço-te que entres, que comungues da experiência do mergulho escuro, impenetrado de beleza que camufla a existência a cada instante que respiras e crias medos, incertezas, amores e vidas.

Este é o caminho espiralado que retiraste de ti mesmo. É o caminho descomprometido que te chama ao fogo da alma. Ao fogo que inibe o pensamento comum, desleixado. A crosta velha solta-se para dar espaço ao mundo imenso que se forma no seu interior – visão celular da intrincada teia que vibra na essência de cada pedra. É a Mãe que fala através dos seixos deixados ao acaso no trilho percorrido. Calhaus mensageiros da Humanidade renascida. Partes dessa Terra inspiram as palavras que revelam a existência.



E do céu desceram as Estrelas
E na terra as plantas germinaram
E eu…
No amor estrelado
Desabrocho na compaixão


*

Na cruz, o amor
No coração, o torpor
A leveza da alma
Que me chama à calma
Peço a solidão
Desperto a compaixão
Neste corpo inerte


*


Um coração destroçado
Pela humanidade despedaçado
A ti te peço perdão,
Alma
Por te ver na escuridão
Parto o caminho
Corto as amarras
Voo denso
Inundado de lágrimas
Despe as vestes
Flutua nas águas
E traz,
Traz a luz
Que sobe a corrente
Deste rio que riscavas…

*

Cadeira que sentas o caminho
Caminho que aguardas a chegada
Do ponteiro do Sol
Desenhando a flor
Nas raízes que aportam…a dor
Sofrida na cinza
No clarão azul
Ao ritmo do Sul

*
Tu és a seiva da Primavera
Na montanha da Alma me afogo
Princesa dormente
Aguarda ser gente
Na coroação da vida
No poder da Rainha
Aí, aqui, sempre
É a luz que cintila

*

A floresta vibra de vida escondida
Das profundezas do novelo
O fio que desfia
A teia tecida…desfinda
Termina o sufoco
Acorda a madruga
O clarão regressa
Vem, vem Lua

*

Do caudal efervescente
Ao crepúsculo aparente
No mistério que se despede
A sombra desvanece
A folha cintila e flutua rio acima
Vai ao encontro da porta
A entrada da brisa
E, desde o sonho acorda
A expressão da Papisa
*

O triângulo descendente
Aporta os pilares terrenos
Manifestando a certeza
De serem assim serenos
Os desejos da Alma
Tudo flui
Tudo jorra
Na abertura sagrada
Desperto a calma
*

Prevalece o desejo
Entorpece o pensamento
Empobrece a vontade
Estremece o lamento
Tudo é vão
Tudo é vago
A névoa ofusca o brilho
O sono traz o sarilho
Acordo do desespero
E espreito o sentimento

*

Vale que desce o caminho
Escorre o leite da Mãe
Infinitos que se completam na chegada da Terra
Pegadas subindo aos céus
A cinza esfumada
Esconde o peregrino
É denso, o caminho
Pára!
Tudo é mutável desde aqui.


*

Veios,
Da terra nascem serpentes
Do vento ondulam os tempos
Cresce,
Aparente, a escuridão
Vem,
Dormente, a solidão
Passos, caminhos, rasgos de ninhos
Abre-te imensidão
*


Abres-te
E do teu corpo espreita a Luz
Verdes os lagos que lavam a alma
Arcos adornam a viagem
Vislumbro os raios
No centro, a passagem


*

Círculos concêntricos
Voam os tempos
Folhas dançantes
Pilar de vida
Moribunda,
Envolta em tinta,
Verde escura
Cresce o céu,
Na morte enternecida

*

Ternura,
Tu espreitas-me
Enrolo-me no cântico
Que dança a vida crescente
Exalto o ar
Venho da terra
O fogo lateja
A água lampeja
E subo,
Caminhos distantes
No brilho, semelhantes


*

Magnânime,
A vida abraçando o Céu
Celebrando a Terra
Luz cintilante
Espreita,
Penumbra doce
A teus pés adormeço
Aconchega-me Mãe

*


Troncos caídos exalam a Morte
Chamam o norte
Espreito a luz que desce
E na cinza dormente,
A vida se sente


*
Morte,
Tombado na cor que expirou
Acorda o brilho crescente
Desce, ascendente
No meio,
Chama a semente

*

Braço amputado
Revela a vida escondida
Na aparente sofreguidão
Alude ao centro
Empola o momento
Tudo se desvanece
No dia que adormece
*

Flor que espreitas a escuridão
Laranja insistente
Chama a emoção
Do centro, do núcleo
Onde me vejo
Onde me sinto
Tudo é branco
Tudo é Uno


*

Fogo que acalentas os dias
Ventre celeste
Embalas os sonhos
Da noite que adormece

*


Escorrego,
Deslizo ao centro
Afunilo o momento
Sem tempo
No escuro, o lamento
Da vida expirada
Cresce a Luz dourada!
Flor do tempo
Do crepúsculo cinzento
Espraia-se o Sol
Dourado, libertador
Abro os braços
Espreito os passos
E vou ao teu encontro
*

Dás-me a chama da vida
Raios resplandecentes
Espelhas-me a alma
Expões-me ao tormento
No contraste me acalmo


*

Fogo,
Quando te despedes
Dás-me um sorriso
Nutres,
Alimentas a espera
Infinitos sobrepostos
Apaziguam a Noite


*

Coração cósmico
Chegas a mim
Bolhas que sucedem
Flutuam de vida
Limpa, dormida
E tudo serenas
Na dor que amansas

*

Manto que nutres a Terra
Raios, raízes
Fundes a dor
Cresce o esplendor
Na noite porosa
*


Mancha dourada
Braços e pernas envolvem a Terra
Sangue lateja no sopro desperto
A escuridão acalma
Leite branco espreita
Voo disperso
Disparo ao centro
Mergulho na visão que alimenta

*


Raízes distintas
Caminho distante
E, no entanto
Envolvem-se os braços
E desde a ternura
Tu espreitas,
Tu chegas
Amor, Uno, Cheio, Pleno


*


Mar de amor
Evocas o centro
Laranja minando o céu
Folhas dormidas
Recebem a cura
Desce o Fogo
Sobe a Esperança!


*

Olho ternurento
Cristal que acorda
Montanha crescida
Vejo-te agora
No banho dourado

*

Doçura rosa
Amor poroso
A suavidade impregna a dor
O branco,
A imensidão
Tudo a descoberto


*


Fogo ardente
É sentimento
Emoções contidas
Agora enternecidas
Pela luz que brilha
Chama à pele
O corpo,
A Mulher


*

Na subida,
Cresce a leveza
Chama a pureza
Da lua cintilante
Abre-te viajante!

No voo subirás
No leito despertarás


*


Escuridão
Olho felino chamando o instinto
É leve a experiência
Vibrante a essência
Aí vou,
Aqui estou
No centro, no tudo
Eu sou o Todo